A inteligência artificial (IA) está transformando o setor agrícola no Vale Central.
O avanço da IA vem se espalhando pelos Estados Unidos e já causou impacto em áreas como educação, medicina e agricultura. No Vale Central, essa evolução tecnológica está influenciando o setor agrícola por meio de novas inovações.
O Vale Central abriga uma das regiões agrícolas mais importantes do mundo. Ele é responsável por produzir cerca de um quarto dos alimentos dos Estados Unidos e representa 8% da produção agrícola do país, utilizando menos de 1% das terras agrícolas norte-americanas.
“A IA tem o potencial de ajudar o setor agrícola a alcançar a mesma produção com menos uso de recursos, especialmente água e com menor aplicação de pesticidas”, afirmou Jiachoen Liang, professor associado da Fresno State, que leciona sobre negócios agrícolas e aplicações da IA.
Os avanços recentes das tecnologias de IA na agricultura tornaram mais precisas e eficientes atividades como o monitoramento de culturas e do solo, controle de ervas daninhas, colheita, aplicação adequada de pesticidas e detecção de vazamentos em sistemas de irrigação.
No Vale Central, a IA está ganhando cada vez mais relevância, afirmou Ryan Jacobsen, diretor executivo do Fresno County Farm Bureau.
“Pode haver alguns modelos básicos nos quais a IA já é usada, como em previsões meteorológicas”, disse Jacobsen. “Existe uma grande movimentação no setor de AgTech com automação, robótica, mecanização e muito mais. A IA, eventualmente, será incorporada à maior parte disso.”
Adam Fine, diretor de inteligência de negócios da Bluewhite, afirmou que a IA ainda precisa evoluir, mas no futuro terá um papel significativo na agricultura do Vale Central.
“O que vemos sendo implementado atualmente é considerado IA restrita, basicamente um sistema fechado onde sensores geram ações,” explicou Fine. “Acredito que os resultados da adoção da IA na agricultura serão expressivos, mas é um setor que avança mais lentamente na adoção de novas tecnologias.”
Nos estágios iniciais de desenvolvimento, a IA está sendo usada para monitorar a produção agrícola e a irrigação com precisão.
John Abatzoglou, pesquisador e professor da UC Merced, destacou que a IA está ajudando os agricultores não apenas a monitorar com precisão a produtividade das lavouras, mas também a impulsionar o crescimento econômico.
“Diversas tecnologias, incluindo sistemas de irrigação mais eficientes e a chamada agricultura de precisão, ajudaram a maximizar a produtividade por gota d’água e aumentar a rentabilidade econômica,” afirmou Abatzoglou. “Vários métodos têm sido usados para coletar dados no campo e estão sendo aplicados para melhorar os resultados agrícolas, incluindo o uso da IA.”
Com os avanços da inteligência artificial, as práticas agrícolas do futuro tendem a se tornar uma colaboração entre agricultores e tecnologias. Já existem diversas tecnologias avançadas no campo, como drones e sensores de cultivo, mas a IA está sendo desenvolvida para tornar esses processos ainda mais eficientes.
Liang acredita que a IA acabará ajudando a reduzir os custos com mão de obra e aliviar a carga de trabalho dos agricultores, sem comprometer a produção.
“Com tecnologias avançadas de IA, o setor agrícola será menos dependente de trabalho humano e de recursos naturais,” disse Liang. “Poderemos alcançar os mesmos níveis de produção com menos mão de obra e menos recursos. Isso vai melhorar a segurança alimentar de toda a sociedade e também aumentar a renda dos agricultores.”
De acordo com a Gallup News, 56% dos americanos acreditam que a IA causa tanto danos quanto benefícios, enquanto 31% acreditam que ela faz mais mal do que bem.
Uma forma de convencer as pessoas de que a IA na agricultura trará mais benefícios do que prejuízos é envolvê-las diretamente nessas práticas, segundo Fine.
“Acredito que o principal fator que convence alguém sobre os benefícios de qualquer tecnologia é sua participação direta no uso dela,” disse Fine. “Eu posso tentar convencê-las do que for, mas até que vejam os resultados com os próprios olhos, sempre terão objeções. A educação é fundamental por meio da participação direta.”
Práticas agrícolas comuns, como a aplicação de fertilizantes e inseticidas, a erosão do solo e o uso de máquinas movidas a gasolina, contribuem para a poluição da água e do ar. Com tecnologias inovadoras baseadas em IA, a agricultura pode se tornar mais sustentável e reduzir os impactos negativos ao meio ambiente, segundo Abatzoglou.
“Com terras limitadas e uma crescente demanda calórica, precisaremos dessas tecnologias para alimentar o mundo ao mesmo tempo em que minimizamos os danos ambientais da agricultura,” afirmou Abatzoglou. “Essas mudanças também exigirão uma nova força de trabalho especializada em tecnologias agrícolas.”
Com o avanço constante da inteligência artificial, o setor agrícola está passando por uma transformação significativa. No Vale Central e em diversas outras regiões do mundo, a IA já demonstra seu potencial para tornar a agricultura mais precisa, sustentável e eficiente. Por meio da automação, da análise de dados em tempo real e de tecnologias como sensores e drones, agricultores conseguem tomar decisões mais informadas, reduzir o uso de recursos naturais e aumentar a produtividade sem comprometer o meio ambiente.
Apesar das preocupações e da desconfiança de parte da população, a participação direta no uso dessas tecnologias pode ser a chave para a aceitação e adoção mais ampla da IA no campo. Com educação, investimento e capacitação de novos profissionais, o setor agrícola pode caminhar rumo a um futuro onde a produção de alimentos atenda às crescentes demandas da população global com menor impacto ambiental.
A inteligência artificial não substituirá o conhecimento humano, mas será uma aliada poderosa na construção de uma agricultura mais inteligente, resiliente e preparada para os desafios do século XXI.
Com conteúdo do The Collegian.
Luiza Fontes é apaixonada pelas tecnologias cotidianas e pelo impacto delas no nosso dia a dia. Com um olhar curioso, ela descomplica inovações e gadgets, trazendo informações acessíveis para quem deseja entender melhor o mundo digital.
