Linguagem de Programação
C++ é uma versão aprimorada da linguagem C tradicional, incorporando programação orientada a objetos e outros recursos. É considerada uma linguagem de “nível intermediário”, pois permite tanto a programação de alto nível, mais abstrata, quanto a programação de baixo nível, próxima ao hardware. Essa versatilidade tornou o C++ amplamente utilizado em sistemas que exigem gerenciamento preciso de memória, como navegadores web, mecanismos de busca, videogames, efeitos visuais em filmes, ferramentas financeiras, softwares de aviação e equipamentos para exploração espacial. No entanto, C++ é uma das linguagens mais desafiadoras para ser aplicada em projetos de grande escala.
O cientista da computação dinamarquês Bjarne Stroustrup começou a desenvolver a nova linguagem de programação pouco depois de ingressar na equipe técnica dos Laboratórios Bell em 1979. Seu interesse surgiu durante seu doutorado na Universidade de Cambridge, quando percebeu a falta de uma linguagem adequada para o desenvolvimento de grandes sistemas de software.
A linguagem Simula 67 oferecia recursos como programação baseada em objetos e outras facilidades para programadores, mas era lenta demais para projetos de grande escala. Por outro lado, a linguagem BCPL tinha um desempenho adequado, mas não possuía as funcionalidades do Simula. Stroustrup encontrou um equilíbrio ao incorporar características do Simula à linguagem C sem comprometer a velocidade que tornava C tão eficiente. Inicialmente, a nova linguagem foi chamada de “C with Classes” e apelidada de “new C”, destacando sua estrutura modular, que facilitava a organização do código.
No entanto, em 1982, Stroustrup começou a se desanimar com sua criação, acreditando que ela nunca alcançaria popularidade suficiente para se sustentar sem seu esforço contínuo. Para ele, a linguagem não apresentava melhorias significativas em relação ao C original que justificassem o tempo e a dedicação necessários para sua adoção. Diante da escolha entre abandonar ou aprimorar o projeto, ele optou pela segunda alternativa e, em 1983, iniciou uma nova fase de desenvolvimento. Foi criado um novo compilador, o Cfront, para substituir o utilizado pelo C with Classes. Stroustrup também acrescentou conceitos como funções virtuais do Simula, sobrecarga de operadores do ALGOL 68 e outros recursos inéditos para C.
Em dezembro de 1983, Rick Mascitti, colega de Stroustrup, sugeriu o nome C++ para a nova linguagem. O nome faz referência a dois conceitos: primeiro, o sinal de adição é amplamente usado na cultura dos programadores para indicar melhorias em um programa; segundo, nas linguagens derivadas de B, o operador ++
representa um incremento de uma unidade, tornando C++ literalmente “C com acréscimos de recursos”.
Outro colega de Stroustrup, Al Aho, sugeriu que ele transformasse seus escritos sobre a linguagem em um livro semelhante a The C Programming Language, de Brian Kernighan e Dennis Ritchie. Stroustrup escreveu The C++ Programming Language em apenas nove meses, e o livro foi publicado em 1985, mesmo ano em que o C++ passou a ser comercializado fora dos Laboratórios Bell.
A linguagem rapidamente ganhou popularidade entre os programadores. Segundo estimativas de Stroustrup, um ano após seu lançamento, cerca de 2.000 desenvolvedores em todo o mundo utilizavam C++, e esse número mais que dobrava a cada ano, chegando a 50.000 em 1989. O lançamento da versão 2.0 nesse mesmo ano impulsionou ainda mais a adoção da linguagem, trazendo melhorias na otimização de espaço, maior segurança contra erros e novos recursos essenciais, como herança múltipla e conceitos abstratos.
Em outubro de 1991, a Borland, fornecedora de compiladores para C++, anunciou que havia recebido 500.000 pedidos, e mais de 60 livros em inglês sobre C++ já estavam disponíveis no mercado.
Em 1988, Stroustrup já pensava na necessidade de formalizar a padronização do C++ e tornar sua definição mais acessível. Para isso, começou a trabalhar em um novo e mais abrangente manual, incorporando contribuições da comunidade C++.
Quando a AT&T contratou a autora Margaret Ellis para escrever um guia aprimorado sobre a linguagem, Stroustrup propôs unir esforços para criar um único material definitivo. Dessa colaboração nasceu The Annotated C++ Reference Manual (1990), que se tornou a principal referência para programadores de C++ durante grande parte da década de 1990.
Pouco depois, em 1991, foi formado um comitê de padronização sob a supervisão da Organização Internacional para Padronização (ISO). Esse comitê oficializou o primeiro padrão do C++ em 1998, com a versão C++98. Em 2003, um novo aprimoramento foi lançado, em um período em que C++ era a linguagem de programação mais pesquisada na internet.
Desde 2011, novas versões do C++ têm sido lançadas regularmente, incorporando aprimoramentos significativos. As versões mais notáveis incluem o C++11 (2011), C++14 (2014), C++17 (2017), C++20 (2020) e C++23 (2023). Essas atualizações introduziram recursos avançados que mantêm a linguagem atualizada com as demandas modernas de desenvolvimento de software.
Em termos de popularidade, o C++ continua sendo uma das linguagens de programação mais utilizadas mundialmente. De acordo com o Índice TIOBE de janeiro de 2025, o C++ ocupa a segunda posição entre as linguagens mais populares, destacando sua relevância contínua no cenário tecnológico.
Com conteúdo do Britannica.

Luiza Fontes é apaixonada pelas tecnologias cotidianas e pelo impacto delas no nosso dia a dia. Com um olhar curioso, ela descomplica inovações e gadgets, trazendo informações acessíveis para quem deseja entender melhor o mundo digital.