A Internet das Coisas (IoT)

Curioso sobre a Internet das Coisas? Aqui está nosso guia sobre o mundo dos dispositivos conectados…

A Internet das Coisas (IoT) refere-se ao ecossistema crescente de dispositivos físicos — desde eletrodomésticos e vestíveis até máquinas industriais — equipados com sensores e softwares que se comunicam pela internet. Esses dispositivos coletam, trocam e, muitas vezes, agem com base em dados em tempo real para automatizar processos e aumentar a eficiência.

Os avanços na miniaturização e conectividade permitem que sensores sejam integrados de forma discreta ao nosso dia a dia. Por exemplo, alto-falantes inteligentes, assistentes virtuais e até termostatos e sistemas de segurança conectados trocam continuamente dados com hubs centrais, otimizando desde o consumo de energia em residências até operações industriais complexas.

Embora o conceito exista há décadas — com experimentos iniciais, como a máquina de venda automática da Carnegie Mellon em 1981 —, a IoT moderna cresceu exponencialmente. No entanto, o termo “Internet das Coisas” só se popularizou no final dos anos 1990 por Kevin Ashton. A convergência de tecnologias como sensores, microprocessadores e redes sem fio transformou a IoT de um conceito de nicho para uma força inovadora em diversos setores.

De acordo com a IoT Analytics, havia cerca de 16,6 bilhões de dispositivos IoT em 2023, com previsões indicando que esse número chegará a aproximadamente 18,8 bilhões até o final de 2024 e pode alcançar quase 40 bilhões até 2030. Em comparação, os dispositivos tradicionais utilizados por humanos (como smartphones e laptops) continuam na faixa de 10 a 11 bilhões globalmente, evidenciando o crescimento acelerado da IoT.

Como a IoT está sendo aplicada

A IoT tem duas grandes aplicações principais: no setor de consumo e na indústria.

No setor de consumo, os alto-falantes inteligentes são um exemplo marcante de dispositivos IoT que se tornaram indispensáveis no cotidiano. Segundo o mais recente relatório global da The Business Research Company, o mercado de alto-falantes inteligentes foi avaliado em cerca de US$ 14,36 bilhões em 2024 e deve atingir US$ 19,01 bilhões em 2025, com um crescimento médio anual de 32,4%.

Esse crescimento impressionante é impulsionado pela adoção crescente da tecnologia por comando de voz em residências inteligentes — seja para verificar câmeras de segurança, controlar iluminação e temperatura ou reproduzir conteúdo em plataformas como Google Nest e Amazon Alexa. Com a popularização desses dispositivos multifuncionais, eles passam a fazer parte de um ecossistema IoT cada vez maior.

O crescimento no setor empresarial e industrial é igualmente expressivo. Plataformas de vendas, marketing e CRM, como as da Salesforce e Atlassian, conectam dados de diversas áreas de uma empresa, seus fornecedores e clientes, permitindo que as organizações extraiam valor da inteligência de negócios (BI).

Essa interconectividade está revolucionando as operações empresariais, tornando as decisões mais orientadas por dados e aumentando a eficiência. Analistas do setor destacam a adoção crescente da IoT em diversos processos corporativos.

Os corredores de navegação mais movimentados do mundo já são gerenciados por dispositivos IoT, com sensores remotos registrando cargas automaticamente e sincronizando os dados de um porto para um hub central. Empresas como ABB e CargoMetrics oferecem soluções IoT para o setor marítimo, otimizando rotas, rastreando remessas e aprimorando operações portuárias. A IoT está transformando a logística, revolucionando a gestão da cadeia de suprimentos e o comércio global.

Na área da saúde, os pacientes utilizam uma variedade de dispositivos. Inicialmente, isso começou com tecnologias familiares, como pulseiras Fitbit que monitoram passos diários. No entanto, dispositivos mais avançados estão surgindo, como o Nanowear SimpleSENSE, uma peça de vestuário que mede temperatura, pressão arterial, fluxo sanguíneo, volume pulmonar, fluidos e realiza leituras de ECG. Esses dispositivos de saúde IoT enviam dados diretamente para os médicos, permitindo diagnósticos e prescrições via mensagem de texto ou e-mail.

Na agricultura, sensores no solo medem a umidade ou os nutrientes, enviando essas informações para sistemas de irrigação ou fertilização. O monitoramento da colheita complementa a experiência dos agricultores com leituras atmosféricas para garantir que a colheita ocorra no momento ideal.

No setor de transportes, a combinação da IoT com conectividade avançada está viabilizando as chamadas “estradas inteligentes”. À medida que os veículos elétricos se tornam mais equipados com tecnologias de assistência ao motorista, os fornecedores de infraestrutura estão planejando implantar sensores sob o asfalto e nos sistemas de controle de tráfego.

As vendas globais de veículos elétricos devem ultrapassar 20 milhões de unidades em 2025. Segundo a Gartner, a frota global de EVs pode alcançar 85 milhões até o final de 2025. Esse crescimento acelerado está impulsionando investimentos em sistemas rodoviários inteligentes, que coletam dados em tempo real para redirecionar veículos de áreas congestionadas, otimizar o fluxo de tráfego e até acionar respostas emergenciais automaticamente em caso de acidentes.

A tecnologia por trás da IoT

Todo sistema IoT é composto por três elementos essenciais: sensores, conectividade e análise de dados.

Os sensores são tão variados quanto suas aplicações. Estamos acostumados a interações simples, como um alto-falante inteligente respondendo a um comando de voz ou um aplicativo de casa conectada exibindo imagens da câmera de segurança.

Mas os sensores IoT podem medir praticamente qualquer coisa. Um receptor GPS pode localizar um objeto. Termômetros digitais medem a temperatura de ambientes internos ou estufas, ajustando automaticamente as condições. Barômetros analisam a umidade em sistemas de climatização para garantir eficiência.

Sensores de movimento e proximidade, que há décadas abrem portas automaticamente, agora fazem parte de redes IoT, contribuindo para modelos 3D detalhados de edifícios, conhecidos como gêmeos digitais.

Sensores de pressão e balanças medem deslocamento, peso ou pressão interna, sendo aplicados desde o monitoramento de pneus até o conforto em viagens aéreas. Esses sensores contêm microprocessadores que coletam dados continuamente, transmitindo-os para hubs centrais por meio de diversas formas de conectividade.

A conectividade IoT varia conforme a aplicação. Sistemas simples podem usar conexões com fio, como Ethernet, enquanto redes maiores dependem de Wi-Fi. Para aplicações industriais que exigem baixa latência, o 5G é a opção ideal. Pequenos sistemas móveis utilizam RFID ou Bluetooth.

O verdadeiro poder da IoT está na análise de dados. Informações coletadas de fazendas, lojas, fábricas ou residências são analisadas para fornecer uma visão detalhada do desempenho dos sistemas. Isso ajuda a identificar gargalos de produção, prever falhas antes que aconteçam e otimizar custos e tempo.

Apesar de seu grande potencial, a IoT enfrenta desafios como segurança de dados, privacidade e a necessidade de padrões universais de compatibilidade. Superar essas questões é essencial para concretizar a visão de um mundo totalmente interconectado.

Por que a IoT é tão importante?

A IoT não é apenas uma inovação tecnológica — ela está transformando profundamente a maneira como vivemos e trabalhamos. No âmbito do consumidor, a IoT trouxe um nível de conveniência sem precedentes; agora, nossos dispositivos se sincronizam com nossos calendários para sugerir as melhores rotas de viagem ou até mesmo refazer pedidos automaticamente de itens essenciais. No setor industrial, a IoT impulsiona a transformação digital.

Cidades inteligentes utilizam a IoT para otimizar o tráfego, reduzir o desperdício de energia e aumentar a segurança pública, enquanto fabricantes aproveitam máquinas conectadas e manutenção preditiva para tornar suas operações mais eficientes.

A rápida expansão da IoT também está criando novas oportunidades de receita e vantagens competitivas. Para as empresas, a análise de dados possibilita decisões mais informadas e o desenvolvimento de modelos de negócios inovadores. Além disso, iniciativas de sustentabilidade estão cada vez mais sendo impulsionadas pela IoT, seja por meio de medidores de energia que reduzem o desperdício ou sensores que garantem a agricultura de precisão, promovendo um futuro mais sustentável.

No Reino Unido e em outras partes do mundo, centros de inovação e aceleradoras estão surgindo para apoiar startups e pesquisas no campo da IoT. Essas iniciativas não apenas fomentam novos avanços tecnológicos, mas também contribuem significativamente para a competitividade nacional na economia digital.

A IoT é segura?

A segurança é uma preocupação fundamental na IoT. O aumento do número de dispositivos conectados amplia a superfície de ataque para cibercriminosos. Vulnerabilidades em dispositivos IoT podem ser exploradas para acessar dados sensíveis, interromper operações ou até causar danos físicos.

O famoso ataque ao aquário de um cassino em 2016 evidenciou os riscos de dispositivos IoT inseguros. Outras fragilidades incluem senhas padrão fracas, falta de atualizações de software e criptografia inadequada.

Enfrentar os desafios de segurança da IoT exige uma abordagem multifacetada. A segurança deve ser uma prioridade desde o início, com fabricantes incorporando medidas de proteção robustas em todo o ciclo de vida dos dispositivos, desde o design e desenvolvimento até a implementação e manutenção contínua.

Os usuários também desempenham um papel essencial ao substituir senhas padrão por credenciais fortes e exclusivas, além de ativar mecanismos de autenticação avançados. Manter os dispositivos atualizados com os patches de segurança mais recentes é crucial para reduzir vulnerabilidades conhecidas.

A segmentação de rede, separando dispositivos IoT de redes críticas, pode minimizar os danos em caso de violações. Além disso, a criptografia dos dados em trânsito e em armazenamento protege informações sensíveis contra acessos não autorizados.

A iniciativa “Secure by Design” do governo do Reino Unido busca fortalecer a segurança dos dispositivos IoT de consumo, estabelecendo requisitos mínimos para os fabricantes. Esforços contínuos para padronizar protocolos de segurança e melhores práticas são essenciais para garantir a confiabilidade e proteção da IoT.

Com conteúdo do Itpro.