O streaming de música tem uma história rica e vibrante, desde o Napster até os dias atuais.
Se há algo que moldou a forma como consumimos música no século 21, é a internet.
Em 1999, quando o bug do milênio (Y2K) deixava todos apreensivos, um site de compartilhamento de música peer-to-peer chamado Napster começou a ganhar popularidade entre estudantes universitários americanos. Eles usavam o serviço online para compartilhar arquivos MP3 de músicas entre si, gratuitamente.
Uma das características mais marcantes do Napster era que ele oferecia uma plataforma para os amantes da música não apenas baixarem álbuns de graça, mas também acessarem versões raras ao vivo, cortes alternativos e demos de seus artistas favoritos.
Embora isso fosse celebrado por estudantes e amantes da música com poucos recursos, as instituições começaram a perceber o impacto e passaram a bloquear o Napster em suas redes online. No entanto, muitos estudantes encontraram maneiras de contornar essas restrições, com relatos indicando que 61% do tráfego online dos servidores universitários vinha diretamente do compartilhamento de arquivos MP3.
Streaming de música online
Apesar de sua popularidade, o Napster levantou muitas questões éticas relacionadas aos direitos autorais e à propriedade das obras dos músicos. Apenas quatro meses após o site ser lançado, a Recording Industry Association of America entrou com um processo contra o Napster, e gigantes da música como Metallica e Dr. Dre também processaram o site depois que versões inacabadas de suas músicas vazaram no Napster em 2000.
Embora esses processos tentassem fechar o site com base na violação das leis de direitos autorais, a ampla cobertura da mídia acabou atraindo ainda mais usuários para a plataforma. Quando o Napster foi forçado a encerrar suas atividades em 2001, até 21,4 milhões de usuários estavam ativos no serviço — apenas uma fração do que os serviços de streaming de música alcançariam no futuro.
Após o fim do Napster, ficou evidente que, embora o compartilhamento gratuito de música peer-to-peer fosse uma prática extremamente controversa na indústria musical, o compartilhamento de música online era, sem dúvida, um caminho a ser explorado.
Apple iTunes
Em 2003, a Apple lançou a iTunes Store, uma biblioteca de música online projetada para ser usada em conjunto com seu MP3 player de destaque, o futurista (embora antiquado pelos padrões atuais) iPod. Os usuários podiam baixar um catálogo completo de músicas pelo preço acessível de $0,99 por faixa, provando que o iTunes era um modelo de negócios viável e um avanço em relação ao Napster.
Embora serviços de pirataria online como Frostwire e Limewire ainda estivessem disponíveis ao público, usá-los praticamente significava infectar seu computador com uma “doença terminal” devido ao excesso de malware e vírus presentes nesses serviços, tudo isso apenas para baixar uma única música do Radiohead. Isso levou cada vez mais pessoas a migrarem para o serviço iTunes da Apple.

Quando começou o streaming de música?
Em 2005, os serviços de streaming de música voltaram ao centro das atenções com o Pandora. Ao combinar a interface simplificada do iTunes com características musicais relacionadas, o Pandora criou um serviço online que recomendava novas músicas com base no histórico de audição do usuário, permitindo que os usuários marcassem artistas como favoritos e descobrissem novos talentos.
Embora tenha demorado um pouco para ganhar força, o Pandora influenciou vários serviços de streaming modernos, incluindo o Spotify, e, em 2013, o site já contava com mais de 200 milhões de usuários, demonstrando sua importância no mundo atual do streaming.
Entre meados e o final dos anos 2000, também houve a ascensão e queda rápida do MySpace, uma rede social que oferecia aos músicos independentes uma plataforma para transmitir suas músicas gratuitamente para usuários interessados. Embora a empresa tenha caído na obscuridade em 2009 com o domínio crescente do Facebook, o MySpace desempenhou um papel crucial no lançamento das carreiras de vários artistas independentes do Reino Unido, como Lily Allen e Arctic Monkeys.
Hoje em dia, o MySpace se reestruturou como um serviço exclusivamente de streaming de música, embora esteja um tanto ofuscado por sites de streaming mais proeminentes. Esses serviços de streaming mais populares são quase impossíveis de evitar, graças à sua dedicação à publicidade, outro aspecto da indústria que contribui para o aumento da popularidade dessas plataformas.
Hoje, o streaming é uma das maiores fontes de receita para músicos australianos, com a APRA AMCOS relatando uma receita de $62 milhões proveniente de streams de artistas da Austrália e Nova Zelândia em serviços como Spotify e Apple Music apenas neste ano.
Isso representa cerca de 4 milhões de pessoas na Austrália e Nova Zelândia — uma em cada oito da população — sendo assinantes de serviços de streaming, contribuindo para o total global de 100 milhões de assinantes pagos. Vale também destacar que outros 100 milhões de pessoas utilizam versões gratuitas desses serviços, enfrentando bibliotecas limitadas de artistas e propagandas irritantes para ouvir suas músicas diárias.
Mas a que custo isso vem para os artistas incluídos nas bibliotecas de streaming online? Eles perdem a receita que receberiam com a venda de álbuns?
Essa é uma pergunta difícil de responder. Artistas como Taylor Swift e Thom Yorke têm sido críticos em relação às práticas de streaming online, enquanto o magnata do rap Jay-Z lançou seu próprio serviço, o TIDAL, em protesto contra o streaming gratuito, oferecendo áudio de alta qualidade e lançamentos exclusivos a um preço de assinatura mais alto.
Embora o Spotify afirme que 70% da receita de streaming vai diretamente para os artistas e gravadoras, a taxa para artistas australianos equivale a apenas meio centavo por stream — cerca de $5 a cada 1000 reproduções.
Por outro lado, os serviços de streaming oferecem aos artistas independentes uma plataforma de exposição infinita por meio de playlists curadas, análises de ouvintes e recomendações de artistas semelhantes, ajudando-os a construir um público internacional e ganhar mais atenção. Talvez, afinal, não seja tão ruim assim.
Enquanto o debate sobre o streaming de música continua, é evidente que os serviços atuais são uma grande melhoria em relação às práticas do Napster de 17 anos atrás. A possibilidade de acessar uma biblioteca quase completa de todas as obras gravadas diretamente do seu bolso é, sem dúvida, uma proposta viável.
Gostando ou não, o streaming de música veio para ficar. Faça um favor a si mesmo e faça o upgrade para o Premium — vale muito a pena.
Com conteúdo do Mixdown.

Luiza Fontes é apaixonada pelas tecnologias cotidianas e pelo impacto delas no nosso dia a dia. Com um olhar curioso, ela descomplica inovações e gadgets, trazendo informações acessíveis para quem deseja entender melhor o mundo digital.