Pioneiro das criptomoedas, o Bitcoin passou por altos e baixos dramáticos e uma evolução constante.
O Bitcoin (BTC) foi a primeira moeda digital e continua sendo o ativo digital mais valioso e amplamente reconhecido. Embora a ideia de uma moeda digital exista há mais de 40 anos, foi apenas em 2009 que o Bitcoin se tornou realidade. Desde então, sua jornada tem sido ao mesmo tempo turbulenta e revolucionária.
Momentos-chave na história do Bitcoin
- 1983: O criptógrafo americano David Chaum, considerado o “padrinho das criptomoedas”, propôs o eCash, uma ideia de dinheiro eletrônico anônimo. Em 1989, ele lançou o Digicash, mas a tecnologia não conseguiu ampla adoção.
- 2008: Uma pessoa ou grupo sob o pseudônimo Satoshi Nakamoto publicou o artigo Bitcoin: A Peer-to-Peer Electronic Cash System.
- 2009: O Bitcoin foi lançado, introduzindo ao mundo a moeda digital descentralizada. Nesse mesmo ano, a New Liberty Standard estabeleceu a primeira taxa de câmbio, um marco crucial que transformou a criptomoeda de um conceito teórico em um ativo negociável.
- 2010: A primeira transação real usando Bitcoin aconteceu em 22 de maio, data que ficou conhecida como Bitcoin Pizza Day.
- 2011: O Bitcoin ultrapassou o valor de US$1, despertando o interesse de especuladores e investidores. Esse ano também marcou a primeira grande bolha de preços e uma subsequente queda, consolidando a reputação resiliente da criptomoeda.
- 2013: A Forbes nomeou o Bitcoin como o melhor investimento do ano.
- 2014: A Bloomberg mudou a narrativa, classificando o Bitcoin como o pior investimento do ano.
- 2020: O PayPal anunciou suporte para criptomoedas, tornando o Bitcoin acessível a milhões de novos usuários.
- 2021: A Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) aprovou o ProShares Bitcoin Strategy (BITO), o primeiro fundo negociado em bolsa (ETF) de futuros de Bitcoin nos Estados Unidos.
- 2022: A FTX, uma das maiores exchanges de criptomoedas do mundo, declarou falência.
- 2024: A SEC aprovou 11 ETFs de Bitcoin à vista, marcando um avanço significativo na regulamentação do ativo.
- 2024: A SEC concedeu aprovação final para ETFs de Ether (ETH) à vista, fortalecendo ainda mais a legitimidade das criptomoedas como classe de ativos.
O início do Bitcoin
Escrevendo sob um pseudônimo, o misterioso criador do Bitcoin, Satoshi Nakamoto, apresentou o sistema de blockchain em um artigo publicado em 2008. A blockchain, base do mercado de criptomoedas, é um registro descentralizado de transações, replicado e distribuído por uma rede de computadores. Esse sistema garante segurança, transparência e imutabilidade. Sua inovação revolucionária permite que qualquer pessoa com acesso à internet realize transações financeiras sem depender de bancos, instituições financeiras ou governos.
Nakamoto lançou oficialmente o Bitcoin em 3 de janeiro de 2009, quando minerou o primeiro bloco de Bitcoin, conhecido como Bloco Gênesis ou Bloco 0. Até hoje, a verdadeira identidade de Nakamoto nunca foi confirmada.
Conceitos fundamentais do Bitcoin
- Unidades de Bitcoin: Cada Bitcoin é divisível até oito casas decimais.
- Millibitcoin (mBTC): 1/1.000 de um Bitcoin.
- Satoshi (sat): 1/100.000.000 de um Bitcoin (menor unidade).
- Transação: Uma instrução computacional no formato “pagador X envia Y Bitcoin para o destinatário Z”.
- Bloco: Conjunto de transações de Bitcoin verificadas por mineradores durante um período específico.
- Mineração: Processo em que indivíduos ou grupos (mineradores) resolvem cálculos complexos para validar transações e criar novos blocos. Como recompensa, os mineradores recebem novos BTC.
- Hash do bloco: A mineração inclui um serviço de registro que mantém a blockchain consistente, completa e imutável. Os hashes validam os Bitcoins disponíveis e garantem uma recompensa uniforme aos mineradores.
- Blockchain: Um livro-registro contínuo e transparente onde cada transação de bloco é ligada à anterior. Essa cadeia pública possibilita a existência e a utilidade do Bitcoin.
- Endereço de blockchain: Sequência de 25 a 34 caracteres alfanuméricos usada para receber Bitcoin sem revelar informações pessoais. Embora algumas exchanges exijam identificação, é possível usar um endereço diferente para cada transação para aumentar a privacidade.
- Chaves: Credenciais que permitem acesso aos ativos em Bitcoin, semelhantes a um cofre digital. Se alguém perde sua chave privada, o Bitcoin se torna inacessível e, na prática, sem valor. Estima-se que cerca de 20% dos Bitcoins já minerados foram perdidos devido ao extravio de chaves privadas, segundo a Chainalysis.
- Chaves públicas: Tecnologia usada para criptografar e descriptografar transações. Funciona em “mão única”, permitindo desbloquear transações, mas sem a possibilidade de revertê-las.
- Chaves privadas: Código exclusivo usado para assinar e iniciar transações de Bitcoin. Para gastar Bitcoin, o usuário precisa conhecer sua chave privada e assinar digitalmente a transação. Essa assinatura é validada pela chave pública sem expor a chave privada. Como as chaves privadas são essenciais, devem ser protegidas com extremo cuidado.
- Carteira: Um repositório digital que armazena as chaves privadas necessárias para gerenciar e usar Bitcoin.
- Clientes completos: Uma carteira que contém uma cópia completa de toda a blockchain, tornando-se a forma mais segura de armazenamento, além do armazenamento offline (cold storage).
- Clientes leves: Uma carteira que armazena apenas parte da blockchain, sendo compatível com dispositivos móveis. Como não contém a blockchain completa, o usuário precisa confiar em intermediários que operam carteiras completas para validação.
Adoção do Bitcoin
Os defensores do Bitcoin destacam que um número crescente de instituições, países e plataformas está aceitando a moeda digital. Nos Estados Unidos, seu principal valor está no investimento.
Enquanto alguns países, como China, Índia e Arábia Saudita, proibiram a mineração e o comércio de criptomoedas, outros adotaram completamente esse mercado:
- Conflito Rússia-Ucrânia: Criptomoedas foram usadas para financiar ambos os lados da guerra. Devido à sua natureza descentralizada, as transações rápidas permitiram o envio de ajuda humanitária e financiamento militar para zonas de conflito.
- El Salvador: Enfrentando uma economia frágil, tornou-se o primeiro país a adotar o Bitcoin como moeda oficial em 2021.
- Irã: Utilizou Bitcoin para driblar sanções financeiras impostas pelos EUA.
- Jane Street Group: Demonstrou forte confiança institucional ao investir US$ 2,8 bilhões em Bitcoin ETFs.
- Millennium Management: Liderou investimentos com US$ 2,6 bilhões aplicados em ETFs de Bitcoin.
- Goldman Sachs: Impulsionou o interesse de grandes investidores ao aplicar US$ 1,58 bilhão.
- Fundo Soberano de Abu Dhabi: Investiu US$ 436 milhões, ampliando a participação do Oriente Médio no mercado de criptomoedas.
Com avanços na regulamentação, grandes instituições e investidores estão fortalecendo sua presença no Bitcoin, consolidando sua adoção global.
Polêmicas do Bitcoin
Quando grandes quantias de dinheiro circulam rapidamente, controvérsias e consequências inesperadas tendem a surgir.
Colapso da FTX
Um dos episódios mais dramáticos da história do Bitcoin foi a ascensão e queda da exchange de criptomoedas FTX. Liderada por Sam Bankman-Fried (SBF), a FTX operava em conjunto com a Alameda Research, empresa também fundada por SBF e gerida por Caroline Ellison. A empresa cresceu rapidamente por meio de aquisições estratégicas e campanhas publicitárias de grande impacto.
No auge da FTX, SBF foi listado como a 41ª pessoa mais rica da lista Forbes 400. No entanto, em novembro de 2022, um artigo do CoinDesk revelou graves problemas financeiros da FTX, incluindo falta de transparência contábil e possível uso indevido dos fundos dos clientes. Isso gerou pânico entre os investidores, resultando em um rombo de US$ 8 bilhões. O colapso do token FTT, essencial para a Alameda Research, agravou ainda mais a crise, levando a FTX à falência.
Em novembro de 2022, SBF foi preso e indiciado por lavagem de dinheiro, fraude eletrônica, violações de financiamento de campanhas e fraude de valores mobiliários. Em novembro de 2023, foi condenado por sete acusações federais de fraude e conspiração. Em 28 de março de 2024, recebeu uma sentença de 25 anos de prisão federal e foi condenado a pagar US$ 11,02 bilhões. Atualmente, cumpre pena no Metropolitan Detention Center, em Nova York, enquanto seu recurso está em andamento.
Impacto ambiental
O Bitcoin enfrenta críticas pelo seu impacto ambiental negativo. A mineração da criptomoeda consome grandes quantidades de eletricidade e água, além de ser altamente dependente de combustíveis fósseis. Como o preço do Bitcoin está diretamente ligado à sua demanda energética, seu impacto ambiental cresce à medida que sua popularidade aumenta.
Um estudo da ONU (2020-2021) revelou que o consumo de eletricidade da rede global de mineração de Bitcoin excedeu o de todo o Paquistão, um país com 253 milhões de habitantes. Para compensar as emissões de CO₂, seriam necessárias aproximadamente 4 bilhões de árvores, o que equivale a 7% da Floresta Amazônica.
Apesar disso, o setor tem investido em tecnologias para reduzir sua pegada ambiental. O Cambridge Bitcoin Electricity Consumption Index (CBECI) monitora em tempo real o consumo energético e as emissões de gases de efeito estufa associadas ao Bitcoin.
Perda de chaves privadas
À medida que o valor do Bitcoin aumenta, cresce o número de pessoas desesperadas para recuperar carteiras cujas chaves foram perdidas.
Um estudo da Finbold (2021) revelou que 39,7% dos usuários esqueceram suas senhas de acesso. Um dos casos mais emblemáticos envolve James Howell, engenheiro de computação galês cuja ex-parceira jogou fora acidentalmente um HD contendo 8.000 Bitcoins. Acredita-se que o dispositivo esteja enterrado em um aterro sanitário no País de Gales.
Em janeiro de 2025, o valor estimado dos Bitcoins perdidos de Howell gira em torno de US$ 845 milhões. Ele conseguiu investidores globais para ajudá-lo a comprar o terreno depois que o Conselho da Cidade de Newport anunciou que o aterro será fechado entre 2025 e 2026. No entanto, as autoridades ambientais locais argumentam que as licenças ambientais impedem escavações no local, tornando incerta a recuperação do HD.
Trajetória de Preço do Bitcoin
Satoshi Nakamoto limitou o suprimento total de Bitcoin a 21 milhões de moedas. Atualmente, 19.833.021,66 BTC estão em circulação, restando apenas 5,56% a serem minerados.
Os Primeiros Anos (2009-2011)
Quando foi lançado em 2009, o Bitcoin não tinha valor de mercado. Sua primeira transação no mundo real ocorreu em 22 de maio de 2010, quando Laszlo Hanyecz pagou 10.000 BTC por duas pizzas da Papa John’s, avaliadas em aproximadamente US$ 25. Esse evento é celebrado anualmente como o Bitcoin Pizza Day. Hoje, esses mesmos 10.000 BTC valeriam cerca de US$ 975 milhões.
O primeiro aumento significativo no preço do Bitcoin ocorreu em outubro de 2010, quando sua cotação ultrapassou US$ 0,10. Em 2011, o BTC quebrou a barreira de US$ 1 e disparou para US$ 29,60. No entanto, nesse mesmo ano, Nakamoto desapareceu misteriosamente, aumentando a incerteza sobre o futuro do projeto e causando uma queda no preço.
Altos e Baixos no Mercado (2020-2023)
A pandemia da COVID-19 (2020) impactou fortemente a economia global, aumentando o interesse por ativos descentralizados como o Bitcoin. Em janeiro de 2020, o BTC estava cotado a US$ 7.000.
2021 foi um ano de grandes avanços. O Bitcoin ultrapassou US$ 40.000 em janeiro e atingiu o pico anual de US$ 64.895 em abril. Em novembro, chegou a US$ 69.000, mas encerrou o ano próximo de US$ 46.000, em meio a novas variantes da COVID.
Em 2022, o mercado entrou em um período de queda conhecido como “inverno cripto”, e o BTC perdeu mais de 70% do seu valor. Muitos economistas compararam essa volatilidade com a mania das tulipas do século XVII, que resultou em uma bolha especulativa. No entanto, como já ocorreu em ciclos anteriores, o Bitcoin voltou a se recuperar.
Halving de 2024 e Recorde Histórico de Preço
No dia 19 de abril de 2024, ocorreu o halving do Bitcoin, um evento que acontece aproximadamente a cada quatro anos e reduz a recompensa dos mineradores pela metade. A recompensa por bloco caiu de 6,25 BTC para 3,125 BTC. Historicamente, os halvings têm sido seguidos por aumentos de preço, devido à maior escassez da moeda. O próximo halving está previsto para 2028 e esse processo continuará até 2040, quando o último Bitcoin será minerado e a recompensa cairá para 1 satoshi (a menor unidade de BTC).
Em 21 de janeiro de 2025, o Bitcoin atingiu um novo recorde histórico de US$ 106.154,15. Esse aumento foi impulsionado pelo anúncio de que o então presidente Donald Trump nomearia Mark Uyeda, um regulador pró-cripto, como presidente interino da SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos EUA), substituindo Gary Gensler. Além disso, Hester Peirce, conhecida por sua postura favorável às criptomoedas, foi escolhida para liderar uma nova força-tarefa de regulamentação cripto.
Em 18 de fevereiro de 2025, o BTC era negociado a US$ 94.100, demonstrando que, apesar das oscilações, o ativo continua sendo um dos mais valorizados e seguidos do mundo financeiro.
Perspectiva regulatória
Isso confirma como a mudança na administração dos EUA pode transformar a abordagem regulatória para o Bitcoin e outras criptomoedas. Com a revogação da Chevron Doctrine, a SEC perdeu parte de sua autoridade interpretativa, o que pode limitar sua capacidade de impor regras rígidas sobre o setor cripto no curto prazo.
A pausa no caso contra a Binance também é um sinal claro de que a abordagem anterior de repressão pode estar mudando para uma regulamentação mais estruturada e previsível. Isso pode abrir caminho para um ambiente mais favorável à inovação, ao invés de incerteza regulatória.
Mas há uma questão importante: se novas regulamentações serão criadas ou se o setor permanecerá em um limbo regulatório. Sem regras claras, grandes instituições podem hesitar em adotar o Bitcoin em larga escala.
O que você acha mais provável? Um ambiente de maior clareza regulatória para atrair investidores institucionais, ou uma abordagem mais solta, deixando o Bitcoin operar com menos interferência do governo?
Olhando Para o Futuro
Com notícias bombásticas acontecendo tão frequentemente, os investidores estão ansiosos para acompanhar o futuro das moedas digitais.
A postura pró-cripto do Presidente Trump tem muitos especulando sobre o quão alto o BTC poderia subir. Com o presidente polarizador se movendo tão rapidamente em seus primeiros 100 dias, o debate político em torno de movimentos ousados está se acelerando.
Em 3 de fevereiro de 2025, Trump assinou uma ordem executiva solicitando a criação de um novo Fundo Soberano. Esta ação vem na sequência da criação de reservas estatais de criptomoedas na Pensilvânia, Flórida, Texas, Ohio e Alabama. A Senadora dos EUA Cynthia Lummis (R-Wyo.) apresentou um projeto de lei de reserva de Bitcoin que incluiria o Tesouro dos EUA investindo US$ 76 bilhões em Bitcoin ao longo de cinco anos para monetizar o lado dos ativos do balanço patrimonial da nação e fornecer proteção de longo prazo contra a inflação. A Polymarket tem quase 50% de chances de uma reserva de Bitcoin ser estabelecida este ano.
A VanEck, uma empresa global de gestão de investimentos com sede na cidade de Nova York, publicou orientações em dezembro de 2024 que previam que uma reserva de Bitcoin poderia ter implicações positivas para reduzir a dívida nacional da América em 35%, compensando US$ 42 trilhões de passivos em apenas 25 anos. Além disso, Michael Saylor, o fundador da MicroStrategy, acredita que uma reserva de BTC não apenas melhoraria nossa dívida nacional em até US$ 81 trilhões, mas também fortaleceria o dólar americano e proporcionaria uma vantagem pioneira na próxima economia digital. Finalmente, Arthur Hayes, o diretor de investimentos da empresa de capital de risco em criptomoedas Maelstrom, acredita na teoria de que o Bitcoin poderia estar posicionado como o “derivativo de energia monetária mais puro que a humanidade já imaginou”.
É claro que, além de tais manchetes importantes, o simples fato de tanto dinheiro institucional importante fluindo para esta classe de ativos alternativa potencialmente é um bom presságio. No entanto, como todos os investimentos, o risco está sempre presente. Será importante para os investidores observar o resultado das ações e políticas da SEC, bem como o impacto das tarifas dos EUA e as subsequentes ações do Federal Reserve.
Em uma nota mais pessoal, as participações individuais de Satoshi Nakamoto são consideradas totalizar 1.125.150 BTC. Ao preço máximo histórico atual do Bitcoin, Nakamoto teria ativos digitais avaliados em cerca de US$ 119.439.341.873. Uma riqueza significativa concentrada em um investimento especulativo pode ser problemática tanto para os vivos quanto para seus herdeiros. Com o passar do tempo, o planejamento patrimonial de Nakamoto (ou a falta dele) pode levar a desenvolvimentos inesperados.
Mesmo após mais de 15 anos, a jornada do Bitcoin ainda está se desenrolando. Marcada por promessas e incertezas, sua história cativa um público global e seus próximos capítulos certamente serão igualmente intrigantes.
Com conteúdo do US News.

Luiza Fontes é apaixonada pelas tecnologias cotidianas e pelo impacto delas no nosso dia a dia. Com um olhar curioso, ela descomplica inovações e gadgets, trazendo informações acessíveis para quem deseja entender melhor o mundo digital.